Música

Em noite histórica no Coala, Black Alien lembra ao público por que é um dos maiores da cena

Black Alien no Coala Festival

Neste sábado (6), no Memorial da América Latina, o show de Black Alien no segundo dia do Coala Festival começou no horário exato que a produção anunciou na programação oficial: 18h45. Sem enrolação, o artista de Niterói entrou no palco logo depois de uma curta e boa discotecagem de DJ Sophia – que tocou grandes composições nacionais para o público. Gustavo estava acompanhado de um DJ que também tocava guitarra em algumas músicas. A cultura hip-hop estava representada nos seus moldes clássicos: um MC com seu microfone e alguém atrás dos toca-discos como responsável pelas batidas.

A setlist foi composta principalmente pelas melhores músicas de “Babylon By Gus Vol. 1 – o Ano do Macaco“, seu primeiro disco solo e uma das melhores estreias de um rapper nacional ou internacional. A performance foi uma grande celebração dos 20 anos deste lançamento. Mais de duas décadas depois, Black Alien continua sendo um MC que captura as nuances do Brasil e o mundo em que vive – seja na sonoridade ou na poesia de suas letras. Seu rap absorve influências da música brasileira, da música jamaicana e da música norte-americana para criar algo completamente único e autoral.

Um exemplo da atualidade de suas composições é “América 21“, que ele cantou no começo da apresentação e critica o domínio político e cultural dos Estados Unidos em relação à América do Sul. Não deixa de ser simbólico o fato de essa faixa ser tocada num festival como o Coala, que é dedicado à música brasileira, e é realizado no Memorial da América Latina – um espaço que acolhe toda a riqueza e a diversidade do nosso continente. Ainda falando sobre a realidade contemporânea, que continua sendo a mesma desde 2004, Black tocou “Estilo do Gueto” – que reflete sobre a violência policial, a desigualdade social e a negligência estatal em relação ao povo preto e periférico.

Black Alien no Coala Festival de 2025 (Foto: Bruno Henrique)
Black Alien no Coala Festival de 2025 (Foto: Bruno Henrique)

Também houve espaço para suas love songsPerícia na Delícia” e “Como Eu te Quero“, além de músicas de “Abaixo de Zero: Hello Hell“, seu EP produzido por Papatinho e lançado em 2019. O espectador escutou in loco as viciantes “Que Nem o Meu Cachorro”, “Vai Baby”, “Jamais Serão”, “Take Ten” e “Carta Para Amy“. O cantor também anunciou que uma continuação deste projeto está chegando em breve, para o delírio de todos. A audiência se mostrou conectada com as várias fases de sua discografia e sabia cantar quase todas as letras.

Black Alien se mostrou descontraído no palco desde o começo da apresentação. Ele brincava entre as faixas, interagia com a plateia e até se comoveu quando cantavam seu nome durante os intervalos das músicas. Estes momentos mostram como um artista consagrado ainda pode se surpreender com o acolhimento dos fãs. Gustavo de Nikiti é uma entidade da música brasileira e deveria ser tratado como tal. O público presenciou a história sendo escrita na sua frente. O Mister Niterói personifica a arte de ser um MC – um verdadeiro Mestre de Cerimônia – e mostrou isso a todos.

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