

Banda The Mönic e vocalista Alexia Roditis, do Destroy Boys, no palco. Fotos: Ana Reis / @dykevision
Não Tem Banda com Mina Fest
Neste último sábado, dia 13 de dezembro, aconteceu no Fabrique Club a segunda edição do Não Tem Banda com Mina Fest, evento organizado pela The Mönic e pela produtora NDP (New Direction Productions) como parceira. Com shows de Deb and The Mentals, Dirty Grills e Ratas Rabiosas, além da própria The Mönic, o festival contou com sua primeira participação internacional com a banda Destroy Boys.
O evento foca em bandas de rock (esta edição focada no punk rock), com pelo menos 80% de mulheres, dando visibilidade e criando um local de pertencimento e acolhimento, tendo em vista que muitas organizações não se preocupam com diversidade e representatividade nos palcos. O NTBCMF foi idealizado pela The Mönic (banda paulistana formada por Dani Buarque, Ale Labelle, Joan Bedin e Daniely Simões) e começou em formato de festa, que já teve mais de 15 edições.
E em menos de uma semana dos protestos contra o feminicídio pelo país, e por volta de três semanas da prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro e três dias da aprovação do PL da Dosimetria, o festival evidencia a importância das vozes das mulheres num momento em que seus próprios direitos estão por um fio, em que a direita e pensamentos fascistas tomam conta. O punk, por sua vez, é uma denúncia à misoginia, racismo, homofobia e qualquer tipo de opressão vigente, pois o movimento é essencialmente antissistema, promovendo lutas feministas, anticapitalistas etc. E no evento não poderia ser diferente.
Com falas cheias de protestos durante os shows, Dani Buarque, da The Mönic, desceu do palco durante a apresentação de “TDA”, do álbum “Cuidado Você” (2023), e fez um discurso potente entre a plateia sobre como mulheres precisam se apoiar, sem rivalidade feminina, pois, no final do dia, temos que lutar por nossos direitos como classe. “Nós por nós”, fala ao microfone, enquanto um mosh pit ferve à sua frente.
A energia das apresentações estava alta do começo ao fim, os shows começando de forma pontual e sem nenhum problema na plateia. Alexia Roditis, do Destroy Boys, por exemplo, mencionou em um ponto do repertório que se tivesse algum “creep” assediando alguém, que a vítima reportasse para os seguranças ou outros ao redor.
De forma geral, todas as outras bandas e pessoas na plateia conseguiram transformar o ambiente no mais acolhedor possível. A fileira em frente ao palco estava dominada por mulheres, pulando, dançando, gritando, expressando raiva acumulada ao repetir letras que expõem misoginia e o sistema patriarcal; contudo, também expressando alegria de estar ali entre irmãs de luta, criando-se um momento potente.
“Com empoderamento e união, e um pouquinho assim de confusão [risos], a gente conseguiu bastante coisa. Mulheres pra frente, mulheres pra frente, esse som é pra nós!”, disse Angelita Angelits, vocalista e baixista da Ratas Rabiosas durante o set.
Os shows de Deb and the Mentals, Dirty Grills, Ratas Rabiosas e The Mönic mostraram que há, sim, muitas mulheres fazendo punk de qualidade no país, e que suas vozes hão de ser ouvidas.
The Mönic carregou o show como ninguém, tendo participação especial de Maitê, uma criança de quatro anos e muito fã da banda, que aproveitou seu primeiro show da vida pulando e dançando no palco com elas; da musicista Olivia Yells, que cantou “Simplifica”; e Camis Brandão de Charlotte Matou Um Cara.
Estreia do Destroy Boys no Brasil
Destroy Boys tocou com Alexia e David Orozco da formação oficial – faltando Violet Mayugba e Narsai Malik. O repertório incluiu canções dos primeiros discos, “Sorry, Mom” (2017) e “Make Room” (2018), o single de 2020 “Fences”, mas os destaques da noite foram para as músicas do último álbum, “Funeral Soundtrack #4”, lançado em 2024. Dentre eles estão: “Boyfeel”, “Plucked”, “Amor Divino” e “Shadow (I’m Breaking Down)”.
Alexia dominou o palco com muita simpatia e dedicação. Durante e após o fim do setlist, pegou diversos caderninhos dos fãs para assinar. Todo mundo cantou junto, a voz de Alexia ficando ofuscada muitas vezes pela voz do público e dos próprios instrumentos.
O show “acabou” por um momento, mas, após muitos pedidos de “mais uma, mais uma!”, a banda voltou ao palco e cantou mais três canções. Uma delas foi uma versão acústica de “Piedmont” do disco “Make Room” (2018) e um cover de “Drain Me”, do Nirvana.
A estreia da banda norte-americana em solos brasileiros foi um presente de Natal antecipado aos fãs e, quem sabe, com o recebimento caloroso, a banda volte ao Brasil no futuro, atraindo ainda mais público.
Enquanto isso, dá para curtir muita música boa nacional e apoiar a cena punk local. E aí, quem você gostaria de ver numa terceira edição do Não Tem Banda Com Mina Fest?
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