“Operação Hunt” é o título do primeiro filme dirigido por Lee Jung-jae, ator-sul-coreano mais conhecido por seu papel como Seong Gi-hun, protagonista da aclamada série Round 6 da Netflix. Sua atuação no seriado que é uma crítica ao capitalismo moderno lhe rendeu a premiação de Melhor Ator em Série Dramática na 74ª Edição do Emmy Awards, em cerimônia realizada no ano de 2022.
Lee também foi responsável pelo roteiro desta obra que chega no Brasil em 2023, além de interpretar Park Pyong-ho — agente secreto do serviço sul-coreano e um dos principais personagens da história ao lado de Kim Jung-do (Jung Woo-sung).
Baseado em fatos reais e ambientado na Coreia do Sul dos anos 80, o longa é um thriller de espionagem e ação eletrizante. O acontecimento que inspirou a história foi o assassinato de Park Chung-hee, ex-presidente da Coreia do Sul, em 1979. Apesar disso, “Operação Hunt” apenas usa esse fato de ponto de partida para contar uma história nova e bem diferente da original.

A tensão histórica entre as duas Coreias em “Operação Hunt”
O enredo se inicia quando se descobre um complô para assassinar o presidente aspirante a ditador da Coreia do Sul. A partir daí, todo o foco será determinar quem é a pessoa que está infiltrada nos serviços secretos coreanos e está vazando informações confidenciais sobre a localização do líder do país. Os norte-coreanos estão sempre tentando espionar seus vizinhos de fronteira e vice-versa, surge aí mais uma subtrama política para complicar ainda mais a história. A antiga e interminável disputa entre as duas Coreias amplifica a tensão dessa trama.
O pano de fundo principal da narrativa é a ditadura militar na Coreia do Sul e sua repressão a qualquer oposição em relação ao regime. Apesar disso, há poucas cenas que retratam à fundo as condições sócio-políticas da época. O diretor está mais preocupado em “personificar” a história e para isso decide retratar o embate dos dois agentes do serviço secreto sul-coreano.
Kim e Park são os fios condutores de “Operação Hunt“. Um desconfia do outro e ambos têm bons motivos para isso. O público conhece apenas um vislumbre do passado dos dois, mas nunca passa tempo suficiente para se identificar com a jornada pessoal deles. Jung-jae, ao invés disso, escolhe promover um ritmo frenético pela montagem e a edição do filme para sugar o espectador para dentro daquele mundo e não deixá-lo parar pra pensar naquilo tudo.
É uma escolha narrativa e estilística compreensível, pois a obra pretende ser uma experiência mais intensa e não algo tão íntimo. O cineasta estreante poderia aprofundar mais o lado pessoal de seus personagens, mas escolhe não fazer. Talvez o filme pudesse ter um impacto emocional mais duradouro na audiência se o realizador fosse para esse outro caminho.
A estreia de Lee Jung-jae na direção
Apesar de alguns problemas e escolhas que podem parecer questionáveis para determinadas pessoas, “Operação Hunt” é uma ótima estreia de Lee Jung-jae trabalhando por trás das câmeras. Com esta obra, ele se posiciona como muito mais do que um mero ator. Deve se destacar também a mistura de gêneros que ele conseguiu alcançar neste longa. Existem componentes de filmes de ação, suspense, investigação policial, thriller político e espionagem.
“Operação Hunt” de Lee Jung-jae chega nos cinemas brasileiros no dia 2 de fevereiro. A distribuição do filme no Brasil e em toda a América Latina é responsabilidade da Synapse Distribution.
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