Música

Grime no Brasil: O gênero em 4 projetos

Gênero expande sua influência e ganha nova textura no Brasil

Capa do álbum “40º.40” do MC carioca SD9, um dos projetos que melhor capta a influência do grime no Brasil

Grime: definição e história

O Grime como gênero musical surgiu nos anos 2000 em Bow, bairro localizado em Londres na Inglaterra. Dois dos maiores nomes do Grime — Dizzeee Rascal e Wiley — nasceram na região.

O estilo costuma ser erroneamente classificado como um mero sub-gênero do rap ou uma “versão britânica do rap”, mas diversos aspectos os diferenciam apesar da influência do hip-hop norte-americano também se fazer presente.

Capa do álbum “Boy in da Corner” de Dizzee Rascal. Lançado em 2003, o disco foi um marco na história do Grime e hoje é considerado um clássico do gênero.

A velocidade dos beats costuma ser de 140 BPM (batidas por minuto), diferente do rap tradicional que costuma ser muito mais baixa. O Grime bebe das influências do contexto cultural em que estava inserido como a música jamaicana (via dancehall) e a música eletrônica (via UK Garage) que dominava a trilha sonora dos night clubs britânicos.

Essa combinação resulta em um ritmo frenético e uma levada bastante agressiva por parte dos MCs que precisam adaptar seu flow para encaixar no beat e requer uma habilidade diferente da utilizada em outros estilos musicais, algo que não é fácil ou simples.

A chegada do Grime no Brasil

No Brasil, a influência do Grime chegou recentemente. Um dos primeiros artistas à dialogar com o gênero foi Vandal. Em 2015, O rapper baiano lançou seu primeiro projeto intitulado “TIPOLAZVEGAZH MIXTAPEH”, de 12 músicas no total, que incorpora toda sua vivência em Salvador com uma sonoridade bastante diferenciada do que se costumava ouvir na época e cria um trabalho bastante coeso e original do começo ao fim.

O canal Brasil Grime Show do Youtube também é um importante elemento para compreender o crescimento da cena do Grime no Brasil. Ele é um projeto que reúne diversos MCs para rimar em cima de batidas de Grime e é bastante influente na popularização do gênero e no surgimento de mais artistas do grime.

Logo do Brasil Grime Show

O Grime é uma tendência em ascensão e atualmente diversos artistas brasileiros se utilizam do gênero e o adaptam ao contexto cultural em que vivem e acabam por criar um som bastante peculiar e único que merece mais atenção.

Ao incorporar elementos próprios da cultura brasileira — como referência ao futebol (jogadores, times, camisas de time) nas letras e na estética dos projetos e na própria identidade visual— e músicas tipicamente brasileiras como o funk 140 BPM (mesma velocidade que os beats de Grime).

Abaixo selecionamos alguns projetos que saíram em 2020 e incorporam essa nova onda. Boa audição a todos.

SD9–40º.40

Primeiro álbum de estúdio do carioca SD9. O disco tem 13 faixas e conta com participações de outros nomes importantes do grime nacional como Leall, Drope, VND. O MC tem muita influência dos bailes funk do Rio e rima bastante sobre o dia-a-dia em seu bairro e sua cidade. Faixas de destaque: “Poze do Rodo”, “40º.40” e “Oi”.

Febem, Fleezus e CESRV — BRIME!

BRIME! é um EP colaborativo dos rappers paulistas Febem (ex-ZRM) e Fleezus e conta com CESRV como produtor de todas as músicas. Os dois MCs se complementam e formam um casamento perfeito com os beats produzidos por CESRV. Faixas de destaque: “RADDIM”, “Terceiro Mundo” e “Yin Yang”.

GH7 — Eu só vim tomar o que é nosso

O EP “Eu só vim tomar o que é nosso” do rapper do interior paulista GH7 tem 7 músicas e transita bem entre uma sonoridade mais pesada e um lado um pouco mais melódico. Faixas de destaque: “Yaya Touré”, “AW84” e “Sei Bem”.

Puyol — Camaleão

Camaleão” é um EP de Puyol, artista natural de Maringá-PR e conta com 7 músicas no total. Sua maior qualidade é a agressividade do MC em todos os sons. Faixas de destaque: “Visão de Cria”, “Camaleão” e “Bala”.

2 comentários

Deixe uma resposta

%d blogueiros gostam disto: