“Môa, Raiz Afro Mãe”
Novo documentário realizado por Kana Filmes e distribuído pela O2 Filmes, “Môa, Raiz Afro Mãe” é uma celebração da efervescência cultural na Bahia e, principalmente, uma bela homenagem ao querido multiartista Mestre Môa do Katendê.
Com a participação de diversos artistas, pesquisadores e do próprio Mestre Môa, o documentário começou a ser idealizado e inicialmente produzido enquanto o artista baiano ainda vivia. Dentre os entrevistados, está o cantor baiano Gilberto Gil, o compositor e instrumentista Letieres Leite (falecido em 2021, em decorrência da pandemia da Covid-19), o cantor Lazzo Matumbi, os membros do grupo musical BaianaSystem, entre outros.
No longa-metragem dirigido por Gustavo McNair, vemos toda a trajetória do Mestre Môa e sua ascensão como uma grande potência cultural, não só nos arredores de Salvador como em vários lugares do Brasil e também do mundo. Considerado um dos maiores responsáveis pela revolução do carnaval baiano, trazendo o Badauê – um cortejo de Carnaval fundado por jovens moradores do bairro de Engenho Velho de Brotas – para as ruas de Salvador, Mestre Môa foi covardemente assassinado em outubro de 2018 em Salvador, logo após as eleições presidenciais de primeiro turno. O crime foi motivado por intolerância política.
No entanto, o mais interessante é o compromisso do documentário em priorizar a imagem alegre e saudosa de Mestre Môa e toda a sua revolução no Carnaval de rua e no cenário cultural brasileiro. Fortemente inspirado pela capoeira e pelo candomblé, com os quais estava em contato desde sua infância, Mestre Môa uniu artistas engajados e revolucionou a cultura do afoxé na Bahia.
O centro de “Môa, Raiz Afro Mãe” é o bairro de Engenho Velho de Brotas, em Salvador – um bairro de efervescência cultural, fortemente movido pela herança da diáspora africana. A partir daí, vemos florescer a cultura de rua, a resistência afro-brasileira e a valorização de raízes ancestrais, sendo então levadas para todos os cantos do Brasil.
Com isso, Môa influenciou muitas gerações de artistas e músicos pelo Brasil, como Caetano Veloso e Moraes Moreira, que chegaram a performar suas canções em blocos de Carnaval. Não somente, viajando para diversos lugares e diferente países, levou sempre alegria e muita cultura, deixando um espaço marcado nos corações de todos ao seu redor. Mestre Môa é sempre citado com muito carinho e afeto por aqueles que o conheceram.
Além disso, no documentário também estão presentes algumas canções do disco Raiz Afro Mãe, um projeto musical lançado em outubro de 2022 com a participação de diversos artistas como BaianaSystem, Criolo, Emicida, Luedji Luna, BNegão e Rincon Sapiência. O álbum de 14 faixas começou como um projeto de Mestre Môa, que desejava juntar diversos nomes da música popular brasileira e propor algumas releituras de sua obra. Raiz Afro Mãe tornou-se então mais uma homenagem e um símbolo da resistência e criatividade imensurável de Mestre Môa.
O artista tornou-se, assim, um símbolo da riqueza e resistência cultural de matriz afro. No documentário, chega a ser comparado com os Griots, contadores de histórias da África Antiga que transmitiam conhecimento para os jovens de geração em geração e se tornaram um expoente da tradição oral na cultura africana.
O filme entrou em cartazes nos cinemas brasileiros no dia 3 de agosto.
Siga A Pista em todas as redes sociais (Facebook, Twitter e Instagram) e não perca nenhuma das nossas matérias sobre cinema, literatura, TV, música e sociedade!
Leia também: