Cinema

“Elis & Tom – Só Tinha de Ser com Você”: Documentário mostra os bastidores de uma bela união

De forma inédita e em resolução 4K, quase cinquenta anos depois, o documentário busca revisitar os bastidores do encontro entre dois dos maiores ícones da música popular brasileira

Algo histórico ocorria no ano de 1974: Elis Regina se reunia a Tom Jobim – que na época morava em Los Angeles, a Cidade das Estrelas – afim de gravar um álbum que se tornou um dos maiores marcos da MPB. Ambos os artistas viviam um momento conturbado em suas carreiras, ponto que viabilizou esse encontro inesperado.

Na época, Elis Regina era a cantora mais popular do Brasil e também possuía visibilidade internacional, fazendo apresentações em países como Itália, Suíça e Inglaterra, além de colaborar com grandes artistas do jazz, como Wayne Shorter – que inclusive aparece no documentário. No entanto, a cantora enfrentava grande desaprovação popular e, de certa forma, do meio artístico, após ter cantando em um evento militar que celebrava o 150º Aniversário da Independência, em 1972.

Tom Jobim, que alçara grande ostracismo e reconhecimento internacional, eternizando a Bossa Nova como gênero musical na voz de Sinatra e de outras estrelas, estava descontente com o estado que se encontrava o estilo na época. Com isso, estava buscando talvez uma nova perspectiva e, assim, forçou um encontro com Elis, o que deu origem ao álbum e selou a união, de nome Elis & Tom.

Elis e Tom em Los Angeles, 1974. (Foto: Divulgação)

Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você

O documentário é feliz em retratar o momento que precede o álbum por meio de cortes de filmagens. Esse elemento é utilizado para oferecer contexto ao encontro dos artistas, bem como justificar o conflito inicial, considerando que eram personalidades ímpares: Tom representava uma postura mais contida e clássica , enquanto Elis era expressiva e jovial, representando um olhar novo e contemporâneo ao que era considerado a música popular brasileira.

Frente à disparidade, inicialmente, o encontro gerou divergências criativas, dando origem a momentos conturbados entre os músicos. Elis se encontrava em uma cidade estrangeira e quase teve o ímpeto de retornar ao Brasil. Mesmo de malas prontas, acabou ficando por lá e, por fim, realizou a colaboração.

Através das filmagens, resgatadas 50 anos depois e restauradas com ótima qualidade de som e imagem, é perceptível o clima de desgaste entre Elis e Tom no processo de produção do álbum. Contudo, a obra premia o espectador, pois gradativamente a mudança das relações se torna perceptível, e alguns momentos históricos, nos quais Elis e Tom mostram-se entrosados e descontraídos ao cantarem juntos no estúdio, são apresentados.

Finalmente, notamos uma Elis Regina muito mais à vontade para se expressar artisticamente. Imagens trazem a cantora fumando o seu cigarro enquanto sorri ou faz alguma graça com Tom que, por sua vez, também demonstra afeto e interage como se fossem amigos de longa data, fazendo com que o estranhamento inicial perdesse sua força.

O documentário Elis & Tom: Só Tinha de Ser Com Você traz trechos de filmagens feitas há 50 anos durante as gravações do álbum homônimo, além de entrevistas com artistas, como o músico e ex-marido de Elis, Cesar Camargo Mariano, o compositor Nelson Motta e o baterista Paulo Braga, além de familiares, como a filha de Tom, Beth Jobim e o filho de Elis, João Marcelo Bôscoli – também músico.

O diretor Roberto de Oliveira procura revisitar esse momento e mostrá-lo ao público como um registro histórico dessa união inusitada. O filme, trazido pela produtora O2 Filmes, teve sua estreia nos cinemas brasileiros no dia 21 de setembro.

Assista ao trailer:

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