Cinema

Festival Filmelier no Cinema: “Herói de Sangue” — Omar Sy se destaca em drama sobre paternidade

Herói de Sangue 

Herói de Sangue” é o novo filme do cineasta francês Mathieu Vadepied, responsável também pelo roteiro da obra, que foi escrito em parceria com seu compatriota Olivier Demangel. O ator Omar Sy, mais conhecido recentemente por seu papel em Lupin (série da Netflix) é o ator principal da história. Esta é a segunda vez que o francês de origem senegalesa trabalha com Mathieu, que foi diretor de fotografia no filme “Intocáveis“, estrelado por Sy.

O longa pode ser descrito como um drama de guerra. A história acompanha Bakary Diallo (Omar Sy) e seu filho Thierno. A época retratada é a Primeira Guerra Mundial (1914-1918). O governo francês precisa de soldados a todo custo para ajudar no combate mundial mais sangrento entre países até então. A solução adotada é o recrutamento forçado de todos os homens aptos a combater. As autoridades francesas invadem vilarejos e simplesmente sequestram jovens que têm potencial de servir nas forças armadas.

Omar Sy em cena de "Herói de Sangue" (Foto: Divulgação)
Omar Sy em cena de “Herói de Sangue” (Foto: Divulgação)

Vários povos africanos de colônias francesas — como Alto Níger, Senegal, Guiné e Sudão — são recrutados nesse percurso . A “recompensa” deles após servir no exército é se tornarem cidadãos franceses “legítimos”.

Thierno é um dos africanos sequestrados neste processo. O pai tenta escondê-lo, mas não consegue, e seu filho acaba sendo capturado logo no começo da história. Ele decide então se alistar voluntariamente pra acompanhá-lo e protegê-lo.

Os dois, assim como o resto de sua família (a mãe a irmã de Thierno), moravam em um povoado simples e tiravam seu sustento do gado que cuidavam.

Agora, eles precisarão aprender a manusear e a atirar com armas de fogo. Pra completar, apenas Thierno sabe falar um pouco de francês, por ter frequentado a escola local dos brancos. Diallo fala apenas o dialeto local chamado ‘fula’ e precisa encontrar pessoas que falam o mesmo idioma para poder se comunicar.

O maior mérito de “Herói de Sangue” é ser mais do que um filme de guerra. Esta não é mais uma história-denúncia sobre os horrores da guerra, uma exploração apelativa de morte e violência gratuita como muitos filmes de guerra por aí (como o mais recente “Nada de Novo no Front” de 2022, filme alemão de guerra da Netflix, que pelo menos entrega o que o título promete).

As questões da paternidade e do amadurecimento são o centro desta história.

O filho ama o pai, mas ao mesmo tempo é notável que este está amadurecendo durante o conflito e tomando suas próprias decisões. Para os dois, tudo aquilo é novo. Thierno começa a se destacar nas fileiras de exército e é promovido. Ele passará agora a dar ordens para o pai, já que este está abaixo dele na hierarquia militar. Primeiramente, o pai aceita aquela situação para manter o disfarce. Eles não contaram a outras pessoas que são parentes, com medo de os separarem.

Há uma relação que espelha a situação dos dois personagens principais: o filho Tenente Chambreau e seu pai, dois franceses brancos que estão no combate por conta própria. O filho quer o respeito do pai e está disposto a sacrificar a própria vida por ele. O pai não parece querer protegê-lo e não aparece tanto tempo assim na tela para conhecermos melhor sua psicologia. Não é algo explorado profundamente, mas aludido pelo filme. O fato mostra a diferença de culturas: vemos as visões de mundo completamente distintas entre cada povo.

A direção e o roteiro de Mathieu Vadepied complementam muito bem a ótima atuação de Omar Sy neste drama de guerra que foge da mesmice característica de alguns filmes do gênero. “Herói de Sangue” chega às telonas do Brasil no Festival Filmelier no Cinema, que começou no dia 19 de Abril.

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